Raoni, o cacique de idade indefinida
Se ele sabe, esconde. O certo é que o cacique caiapó Raoni Metuktire, da Terra Indígena Capoto/Jarina, não revela a idade nem mesmo para seu amigo e cantor inglês Sting, que o tornou celebridade internacional em 1989 ao levá-lo a uma turnê por 17 países, entre abril e junho daquele ano, numa campanha contra suposta invasão de suas terras e para tentar impedir a hidrelétrica de Belo Monte, em Altamira (PA), o que acabou acontecendo décadas depois. Sting é o nome artístico de Gordon Matthew Thomas Sumner, súdito de Sua Majestade.
Janeiros à parte, Raoni é a maior liderança indígena brasileira. Data de nascimento para ele é secundária, mas registros internacionais dão conta de seu nascimento em 1930, em Mato Grosso.
Decidido e de poucas palavras, em 1984, Raoni pintou-se com o urucum dos guerreiros para negociar a demarcação de Capoto/Jarina com o então poderoso ministro do Interior, coronel do Exército Mário Andreazza. Essa reserva tem 634.915,22 hectares, com a maior área em Peixoto de Azevedo, ao lado do Parque Indígena do Xingu, e se estende ao Vale do Araguaia em Santa Cruz do Xingu e São José do Xingu.
Raoni saiu vitorioso e ainda deu um literal puxão de orelhas em Andreazza, gesto que repetiria em 1999, com o mato-grossense presidente da Funai, Márcio Lacerda.
Cidadão do mundo, Raoni está acima do endereço domiciliar. Tanto pode se encontrar em sua aldeia no município de Peixoto de Azevedo, no Nortão, como em qualquer outro lugar, independentemente de seu continente.
Radical, mas sem radicalizar, Raoni costuma se juntar a políticos e cumpre bem seu papel. Quando a Fifa escolhia as 12 sedes para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, ele veio a Cuiabá e defendeu a capital mato-grossense junto ao cartola Ricardo Teixeira, da CBF, e o mandachuva Jérôme Valcke, que dava as cartas no futebol mundial.
EDUARDO GOMES/blogdoeduardogomes
FOTO: Arquivo
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