Boa Midia

RONDONÓPOLIS – Crianças participam de batizado e troca de cordas de Capoeira

 

Arievini (esq. em cena) “Eu gosto de participar”

Ao som do berimbau, do atabaque, do pandeiro, de canto e de palmas, cerca de 15 crianças, entre quatro e 12 anos, participaram do Batizado e da Troca de Corda de Capoeira do Grupo Guerreiros de Ouro de Rondonópolis. Elas foram desafiadas pelos mestres a mostrarem suas gingas, seus movimentos e os golpes que aprenderam com o Professor e Mestre Adão Moreno.

“Quando o aluno começa na capoeira ele não usa nenhuma corda, depois de aproximadamente um ano ele participa do batizado, que é quando ele poderá adquirir a primeira corda após ser batizado por um mestre em uma roda de capoeira formado por vários capoeiras. Esse é o momento em que o aluno é oficialmente considerado um capoeira. Após isso ele participará anualmente de exames de graduação, que é a troca de corda. É o mestre quem decide qual aluno poderá receber a próxima corda. Cada corda significa um grau na capoeira, ou seja, cada corda mostra qual o nível de conhecimentos e habilidades do capoeira”, explica o Mestre Adão que há 30 anos é capoeira e há 20 anos é professor de capoeira na Escola Estadual Santo Antônio.

Para Arievini Souza Hack, 11 anos de idade, praticar capoeira é uma forma de aprender sobre a cultura que tem raiz brasileira e também desfrutar de um esporte que une música e dança. “Com a capoeira eu aprendo muito. Eu gosto de participar, me sinto muito bem. O batizado foi muito especial, estou aprendendo, aos poucos quero passar de fase e adquirir mais conhecimento deste esporte que movimenta o corpo todo”.

A cerimônia começou com roda de capoeira entre os professores, instrutores, graduandos e mestres de vários grupos de capoeira de Rondonópolis e região. Foram os ritmos dos instrumentos musicais que ditaram como eles deveriam jogar, quais os movimentos deveriam ser executados, quais golpes deveriam ser efetuados e qual deveria ser a velocidade da ginga. Foi como cantarolado na música, “a cada toque, cada ginga é um estilo de jogo”, que os mestres fizeram uma linda apresentação de roda de capoeira para os presentes na cerimônia.

Mestre Adão com alunos
Mestre Adão com alunos

“Foi muito bonito de ver a reunião dos mestres que se cumprimentaram com muita reverencia e muita alegria. Percebi que as crianças ficaram muito focadas no momento em que os mestres jogaram, primeiro em um ritmo lento, depois em um mais acelerado. As crianças aprenderam na cerimônia que cada mestre tem um jeito único de se expressar, que marca uma individualidade que cada homem traz dentro de si e expressa através de seu corpo”, declara Delvânia Góes, convidada de um dos alunos que foi batizado.

Depois deste jogo, foi a vez das crianças iniciantes no esporte serem batizadas e das que já praticam há mais tempo fazerem o exame de graduação. Todas elas, através de suas gingas, dos seus movimentos e golpes, mostraram que sabem jogar a capoeira. De acordo com o mestre Adão a graduação na capoeira significa crescimento, amadurecimento e fortalecimento. É também um incentivo para o aluno treinar e continuar no esporte. “Foi legal o batizado. Eu gosto muito de fazer capoeira, porque eu jogo, faço os golpes e também brinco”, revela Joaquim Franco, de quatro anos.

A capoeira é um esporte que associa cultura, disciplina, força e espírito de grupo. É também, segundo o Mestre Maurício, uma atividade de respeito, organização e humildade. Ele é capoeira há 48 anos, é também um grande incentivador e divulgador da capoeira no Brasil e no mundo.

Para Agnaldo Noucchi, a capoeira é uma expressão cultural inserida em um esporte onde se pratica disciplina, atividade física, e a arte do canto e do gingado é uma boa forma de inclusão social. “O batizado do meu filho Rodrigo na capoeira significa para mim, sua aceitação, reconhecimento, desenvolvimento e motivação”.

O batizado e troca de corda na capoeira do grupo Guerreiros de Ouro foi realizado domingo (3) na sede da Associação dos Amigos da Fundação MT (AMI), onde acontece as aulas para uma parte dos alunos. “A Ami apoia muito eventos que aliam esporte e cultura. E a capoeira é uma atividade completa que contribui na formação das crianças e dos adolescentes”, destaca Tiago Rosseto, presidente da Ami. O evento contou com a participação dos grupos de capoeira: Afroje, Ave Branca, Bahia do Brasil, Candeias, Cordão de Ouro, Filhos do Quilombo, Guerreiros do Bonfim e Guerreiros do Quilombo.

Julianne Caju

FOTOS: Idem

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