Boa Midia

Sen. Azeredo, Antônio Francisco

Um respeitável nome de político ético como existem pouquíssimos em nossos dias, saiu da esquecida Cuiabá vindo a se destacar no Rio de Janeiro – Capital Federal, antes mesmo de proclamarem a República, tinha amigos como Rui Barbosaː “de tanto ver triunfar as nulidades …” Valor que ab initio transpôs o limite estadual, depois o nacional, reconhecido até na Europa onde granjeou o inconteste título de Comendador da Legião de Honra da França, olvidado na sua terra !

Filho de Ozéias Francisco de Azeredo e de Blandina de Figueiredo Azeredo, Antônio Francisco de Azeredo nasceu em Cuiabá no dia 22 de agosto 1861, ainda antes da guerra. Provinha de família simples, inicia estudos no Liceu Cuiabano, depois foi para o Rio de Janeiro, ingressando na Escola Militar onde pouco tempo permanece, entra depois na Escola Politécnica, mais tarde finda a formação, ao bacharelar-se na Faculdade de Direito no Rio de Janeiro em 1895.

Contudo, a sua vocação nata era o jornalismo, desde antes de partir e até precoce, colaborava em jornais de Cuiabá, porém já nos tempos da Politécnica vinculara-se ao jornalismo.
No Rio de Janeiro aproxima-se de ninguém menos que o baiano Rui Barbosa, seu mestre e amigo, que o leva para o 1º jornal republicano carioca, o “Tribuna Rosada” onde foi redator-secretário.

Trabalhou na “Gazeta da Tarde”, de um outro baluarte José do Patrocínio, agora redator-principal. Seguindo trajetória fulminante, Azeredo em 1889 adquiriu o “Diário de Notícias”, entregando a redação à responsabilidade do parceiro, o maior expoente do jornalismo brasileiro, Rui Barbosa !

“Dize-me com quem andas, dir-te-ei quem és …” com estas amizades sua aguçada postura republicana era até natural, ainda abolicionista, notem que Patrocínio era filho de escrava. O jornal, era de se esperar, em pouco tempo seria um dos maiores e influentes no final do Império, exerceu papel relevante na proclamação da República, e promove o início de sua carreira política. Foi eleito deputado constituinte em 15 de setembro 1890 pelo Partido Republicano, que em Mato Grosso fora criado por Generoso Ponce, sendo empossado na instalação do Congresso Nacional. Assim, participou ativamente na elaboração da primeira Constituição Republicana em 1891, nesta exordial legislatura chega a ocupar o destacado cargo de 1º Secretário, finda o mandato em 1893.

Sendo eleito senador em 1897, inicia a mais longa permanência no Senado Federal, ficando por mais de três décadas, enfrentou e venceu as crises políticas mais graves no Estado, usava da tribuna no intuito de apoiar partidários, dentre eles Generoso Pais Leme de Souza Ponce.
Como é normal na política a luta pelo poder e interesses, utilizava seu prestígio das relações com a Presidência, e dos jornais que tinha influencia para garantir a hegemonia em MT.

Com o amigo, líder político gaúcho Pinheiro Machado, fundou em 1910 o Partido Republicano Conservador – PRC, torna-se membro da comissão executiva deste, e persona das mais coroadas. O partido veio a ser criado no Estado em 1911, neste ano o Sen. Azeredo teve decisiva influência na eleição do governador Joaquim Costa Marques, correligionário apoiado também por G. Ponce. Falecendo em 1911 Joaquim Murtinho, Antônio Azeredo ficou soberano em se falar de conexões do Poder Executivo Federal e Mato Grosso, não raro as escolhas das chapas decidiam-se no RJ. Assassinado em 1915 o “Condestável da República”, Sen. Pinheiro Machado, com este mantinha forte elo político, o nosso Sen. Azeredo assume a vice-presidência do Senado, de 1915 até 1930 !

Nesse mesmo ano apoiou a candidatura do general Caetano de Albuquerque ao governo estadual, apoiado pelo PRC do Sen. Azeredo, sua oposição amealhou profunda derrota. As relações entre Caetano e o PRC começaram a se desgastar em razão de cargos distribuidos aos oposicionistas do Partido Republicano Mato-Grossense – PRMG, chefiado por Pedro Celestino. Participando incisivamente na questão, Sen. Antônio Azeredo logra obter do Pres. Venceslau Brás a Intervenção Federal no Estado em 1917, assumindo em 9 de fevereiro Camilo Soares de Moura. Permanece até 22 de janeiro 1918, ao ser escolhido por sufrágio o apaziguador D. Aquino Correa, fundador e Presidente Perpétuo do Instituto Histórico, da Academia de Letras seu Pres. de Honra.

Azeredo foi ainda proprietário dos jornais “O Malho”, e “A Tribuna”, desta era o redator-chefe. Perde o mandato com a Revolução havida em 24 de outubro 1930, que fecha o Congresso do país, após este severo golpe apenas restou que seguir ao exílio na Europa, retornando anos mais tarde. Perseguido, a Rua que o contemplava, foi renomeada com o dia da Revolução … 24 de Outubro. Glória maior há na Escola Senador Azeredo, que orgulhosa enverga-lhe o nome, fundada em 1910 onde é hoje a Casa do Artesão, reunia ricos e os pobres do Porto cuja merenda era o “peixe frito”, ficando este epiteto, ali estudou Eurico Gaspar Dutra, foi Diretora Maria Müller, outros famosos !

Teve ainda uma faceta como escritor, publicando ː Voto divergente da Comissão de Constituição e Diplomacia sobre o Tratado de Petrópolis – 1904, A situação de Mato Grosso -1916, Discursos Parlamentares – 1925, Resposta ao senador Epitácio Pessoa sobre a sucessão presidencial e nomeação de juiz seccional de Mato Grosso – 1926, e a Invasão Paraguaia em MT.

Finalmente, obteve por seus méritos, áureo reconhecimento até mesmo fora do país, sendo-lhe outorgado o grau de comendador na seleta Legião de Honra da França, recebeu condecorações em alguns países. Descansou em 8 de Março 1936 no Rio de Janeiro, bem cumprindo a longa missão.

Ubiratã Nascentes Alves, AML – cadeira nº 1 ubirata100@gmail.com – Whats 99968-7599

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