Série (XII) – Em quem votar ou não votar – Chico Gamba
Eduardo Gomes
@andradeeduardogomes
Chico Gamba (União) de Alta Floresta é o décimo segundo pré-candidato a prefeito focalizado pela Série Em quem votar ou não votar, que aborda aleatoriamente os nomes que estão em pré-campanha para a Prefeitura de Cuiabá e dos municípios de Barra do Garças, Várzea Grande, Sinop, Rondonópolis e outras importantes cidades mato-grossenses.
A série começou com Beto Farias (PL), de Barra do Garças; e prosseguiu com Lúdio Cabral (PT) e Victorio Galli (DC), ambos de Cuiabá; Mariano Kolankiewicz (MDB), de Água Boa; Teti Augustin (PT) e Adilton Sachetti (Republicanos), ambos de Rondonópolis; Miltão (PSOL), de Várzea Várzea; Vander Masson (União), de Tangará da Serra; Eliene Liberato (PSB), de Cáceres; Roberto Dorner (PL), de Sinop; e Miguel Vaz (Republicanos), de Lucas do Rio Verde..
ELE – Chico Gamba não tem nada de Francisco. Seu nome é Valdemar Gamba, nascido em São Miguel do Iguaçu, no Paraná, em 21 de outubro de 1965.
Chico Gamba não é pioneiro, mas ainda criança, aos 12 anos, descobriu Alta Floresta nos seus primórdios, em 1978, quando o colonizador Ariosto da Riva semeava sonhos na vila que fundou no município de Aripuanã sonhando com uma agricultura moderna e que abrisse espaço a muitos brasileiros que enfrentavam problemas das mais diversas naturezas em seus lugares de origem. A vila projetada na prancheta do topógrafo Antônio Nunes Severo Gomes ganhou contornos de metrópole regional, núcleo universitário, polo pecuário e centro de prestação de serviços na divisa com o Pará. Seu crescimento passou pela emancipação política em 18 de dezembro de 1979, por uma lei de autoria do deputado Osvaldo Sobrinho sancionada pelo governador Frederico Campos.
O plano do colonizador foi retardado por conta da descoberta do ouro em meados dos anos 1970. O ciclo do garimpo murchou em meados dos anos 1990. Alta Floresta sofreu um baque populacional com o êxodo do circo do garimpo, mas aos poucos o município encontrou sua verdadeira vocação: o agronegócio. Em 1995 a população era de 79.591 habitantes, em 2024, é de 59 mil residentes.
Do ciclo do ouro restaram danos ambientais na região e a lembrança do período da Taca, que os pioneiros sabem bem do que se tratou: a expulsão de garimpeiros para abrir caminho aos agricultores e pecuaristas.
Chico Gamba foi um rosto a mais na multidão que presenciou os lendários Irmãos Metralhas rasgando os céus transportando garimpeiros para as pistas onde o ouro extraído era embarcado; a Pista do Cabeça, de Eliézio Lopes de Carvalho, o Cabeça, era referência de garimpo não somente em Alta Floresta, mas no Brasil. A cidade crescia, mas era assolada pela malária, que era enfrentada pelo médico Mário Nishikawa no Hospital Geral.
Chico Gamba estava no meio da multidão que fervilhava o lugar, onde sem alarde, o empresário Eike Batista foi um dos maiorais no mercado do ouro.
Eike Batista hasteou sua bandeira em Alta Floresta no ano de 1981. Ganhou muito dinheiro e figurou entre os 10 mais ricos do Brasil. Mesmo após reveses, ele mantém a pose e numa entrevista concedida em 18 de maio deste ano de 2024 no programa Espaço Cidadão aos apresentadores Luiz Cézar Dias Jorge e Jonhy Arisi, da Rádio Rota FM, Eike Batista prometeu que em alguns meses construiria um hospital para Alta Floresta. O compromisso do empresário foi feito a Chico Gamba e ao deputado estadual Faissal (Republicanos), que estavam no estúdio. Após o compromisso, Eike Batista não voltou a tocar no assunto.
POLÍTICA – Chico Gamba vive política 25 horas por dia, mas não aceita a pecha de político. E produtor rural e pronto. Porém, se visto pelo retrovisor da história o prefeito de Alta Floresta é político sem fidelidade partidária nem definição ideológica.
Em 2012, mesmo sem assumir sua condição de político, e filiado ao PSDB, Chico Gamba foi candidato a vice-prefeito na chapa da petista Lucimara Brunetto, mulher do então deputado estadual Ademir Brunetto (PT). Os dois formaram a coligação União por Alta Floresta, com o PRB/PDT/PPS/PRTB/PV e o PTdoB; Lucimara e Chico Gamba criaram uma dobradinha improvável de uma petista com um tucano, quando nacionalmente seus partidos polarizavam a disputa presidencial. A chapa PT/PSDB recebeu 10.727 votos (39,02%) e o pleito foi vencido pelo médico Asiel Bezerra (PMDB) com 16.761 votos (60,98%).
Chico Gamba não desistiu. Em 2016 novamente foi candidato a vice-prefeito pelo PSDB, mas dobrando com a ex-prefeita Maria Izaura (PDT) pela coligação Um Novo Recomeço, formada ainda pelo PMN/PSDC e o PSB. Maria Izaura concorreu com quatro candidatos e o pleito foi vencido por Asiel Bezerra (PMDB), que se reelegeu com 11.759 votos (44,50%), enquanto Maria Izaura cravou 11.628 votos (44,06%).
Insistente na política mesmo se declarando não político, Chico Gamba disputou a prefeitura em 2020 pelo PSDB, contra cinco candidatos, pela coligação Pra Frente Alta Floresta, composta ainda pelo PSC/PSD e PL. Chico Gamba recebeu 11.739 votos (42,44%) tendo em sua chapa a vice Roseli Gomes da Silva Rampazio, a Rose do Tradição (PSC). O segundo colocado foi o Delegado Vinícius Nazário (Podemos), com 7.166 votos (25,91%).

No poder, a dobradinha Chico Gamba/Rose durou pouco. Em 20 de dezembro de 2022 a vice anunciou que renunciaria ao mandato em 1º de janeiro de 2023, e cumpriu a palavra oficializando seu ato perante a Câmara Municipal.
O que levou Rose ao ato é um mistério. À época, ela alegou que renunciaria por motivos pessoais e familiares. Rose milita politicamente há algum tempo. Em 2018 foi suplente de deputada estadual pelo PSDB, com 3.046 votos. Em 2022, pouco antes da renúncia, novamente tentou a Assembleia, desta feita pelo PSB e recebeu 4.224 votos. Nem ela nem Chico Gamba revelam o que aconteceu entre eles, se é que ocorreu alguma divergência no campo administrativo ou político. Circulam rumores que a vice teria ficado magoada com o prefeito, que apoiou a campanha pela reeleição do deputado estadual Nininho (PSD) em detrimento dela.

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