Taques quer mais um sanguessuga no governo
Com o efeito dominó do afastamento e até mesmo prisão de secretários, o governador Pedro Taques (PSDB) costura um nome para liderar o secretariado e tentar reunir os cacos que as últimas operações policiais espalharam na cúpula do Palácio Paiaguás. Nilson Leitão, tucano, deputado federal e sanguessuga estaria na ponta nessa corrida silenciosa disputada contra o relógio que marca o tempo para a eleição em 2018 e longe do olhar curioso do eleitor, agora atento a tudo que acontece nos meios políticos.
Uma fonte ligada a Taques e que teria discutido a questão com ele, revelou que Leitão é o nome mais arredondado para chefiar a Casa Civil, que ao invés de encontrar soluções estaria apresentando problemas.O quê da questão para botar Leitão seria a resistência do mesmo, que está em evidência na Câmara presidindo a poderosa Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), situação essa que o joga nos braços do agronegócio mato-grossense. A fonte acrescentou que “vi preocupação no Pedro (Taques), mas ele não dá o braço a torcer”.
Taques tem realmente razão de sobra para se preocupar com a Casa Civil. Afinal, seu titular, José Adolpho, é investigado por suposta participação na fraude que em 2015 adulterou o protocolo do então secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque, informando ao governador sobre os grampos telefônicos que estariam ocorrendo no âmbito do governo e que ganhou as manchetes com o título de Grampolândia pantaneira. Mais: o antecessor de Adolpho, Paulo Taques – primo do governador – deixou o cargo no fogaréu da apuração da grampolândia, foi preso, solto e novamente está no xilindró.
Arrematando a informação a fonte acrescentou que a preocupação aparente de Taques não seria com o passado de Leitão, mas com o momento atual de seu governo; e que ele insistiria com o deputado, inclusive pedindo ajuda à cúpula tucana nacional para convencê-lo a vestir a camisa de seu governo, ora seriamente abalado e desfalcado de quadros por decisões judiciais.
LEITÃO – Nilson Aparecido Leitão foi vereador por Sinop, onde cumpriu dois mandatos consecutivos de prefeito, de suplente a titular esteve na Assembleia, é deputado federal reeleito e na última eleição recebeu a maior votação para o cargo: 127.749 votos.
SANGUESSUGA – Leitão foi um dos 71 prefeitos de Mato Grosso envolvidos no criminoso esquema de compra superfaturada de ambulâncias da agora extinta empresa Planam, em Cuiabá. A negociação era feita com recursos de emendas parlamentares federais. Leitão nega a acusação. O caso ganhou repercussão nacional em 2006 com o título de Máfia das Ambulâncias, foi abafado e somente a arraia-miúda sofreu algum tipo de condenação. Por essa pecha ele não deverá cair em desgraça com Taques, que conhece o caso e tem em seu secretário Wilson Santos (Cidades), que também figura na relação dos nomes de prefeitos, senadores, deputados federais e empresários que deram um rombo superior a R$ 500 milhões na área mais importante do governo: a Saúde Pública.
Em outro caso Leitão foi preso pela Polícia Federal em 17 de maio de 2007, quando prefeito. Acusado de recebimento de suposta propina de R$ 100 mil da empresa Gautama, foi levado para a cadeia em Brasília, onde permaneceu atrás das grades por quatro dias, até sua prisão ser relaxada pela ministra do Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon. Leitão foi gravado com um envelope grande, amarelo, que teria recebido da Gautama supostamente com o dinheiro que seria antecipação de propina para a construção de rede de esgoto em Sinop. Ele nega. A abertura do envelope não foi acompanhada pela PF, sua defesa bateu nessa tecla e o Ministério Público Federal pediu o arquivamento da ação contra ele.
EDUARDO GOMES/blogdoeduardogomes
Foto: AGÊNCIA CÂMARA
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