Tributo aos nossos irmãos japoneses
Júlio Campos*
Cuiabá
Em 18 de junho de 1908, no porto de Santos, de braços abertos, recebemos o navio Kasato Maru, que transportava 781 japoneses da primeira leva de imigrantes para o Brasil.Transcorridos 116 anos, a colônia da Terra do Sol Nascente é formada por um milhão e meio de cidadãos e uma das maiores do nosso país. E esses irmãos asiáticos se sentiram tão bem entre nós que São Paulo é a maior cidade japonesa fora do Japão.
Em 1953, portanto 45 anos após o desembarque dos japoneses, o empresário Iassutaro Matsubara tentou implantar um projeto para cultivo de pimenta-do-reino na Gleba Rio Ferro, então pertencente à Chapada dos Guimarães, mas a acidez do solo, quando o calcário ainda era desconhecido em Mato Grosso, inviabilizou o plano de Matsubara, Porém, as 50 famílias pioneiros em Rio Ferro mudaram-se para Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres, Barra do Garças, Jaciara e Rondonópolis iniciando assim sua presença colonizadora entre nós.
Os japoneses e seus descendentes que estiveram em Rio Ferro se juntaram a outros de seu país e hoje se fazem presentes em todas as nossas regiões exercendo as mais diversas atividades e atuando na vida pública.
Eles participam do processo de desenvolvimento de Mato Grosso. João Sato fundou Araputanga. Noda Guenko criou Pedra Preta. A primeira magistrada mato-grossense e também primeira presidente do Tribunal de Justiça, é a desembargadora Shelma de Kato Lombardi, que com seu nome dignifica a Comenda Mulheres da Justiça Desembargadora Shelma Lombardi de Kato do Poder Legislativo do Estado de Mato Grosso, que é concedida àquelas que se destacam nesta área.
O primeiro senador brasileiro de origem japonesa é o Dr. Jorge Yanai, de Sinop, que é o médico há mais tempo em atividade no Nortão. Maçao Tadano elegeu-se deputado federal e nos representou na Câmara.
Na Assembleia Legislativa tivemos três deputados de origem japonesa. O deputado Kikuo Ninomiya Miguel, o deputado Jorge Yanai e o deputado Kazuo Sano.
Em 1974 Mato Grosso foi vítima da maior enchente urbana em sua história. Bairros inteiros de Cuiabá e Várzea Grande foram inundados. À época eu era o prefeito de Várzea Grande. Minha saudosa esposa a professor Isabel Campos lançou-se numa ação humanitária de socorro aos atingidos, distribuindo alimentos, roupas, calçados, agasalhos, medicamentos e providenciando alojamentos para os mesmos. A senhora Matiko Nishimura Kuramoti, esposa do empresário do ramo de automóveis, Sango Kuramoti, participou ativamente dos trabalhos ao lado da professora Isabel, que era a primeira-dama de Várzea Grande.
Citar todos os integrantes da colônia japonesa é impossível. Os que mencionei dão a dimensão da relevância dos japoneses entre nós, mas, ainda assim, não poderia deixar de mencionar meu colega engenheiro agrônomo e pesquisador Dario Hiromoto e o produtor rural Munefumi Matsubara, pioneiro da soja no Nortão; e os professores de judô, o sensei Pedro Shinohara, e o sensei Manao Ninomiya.
Arigato gozaimasu!
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