Boa Midia

Tributo aos Pracinhas

Eduardo Gomes

@andradeeduardogomes

O Dia da Vitória é celebrado em 8 de maio. Naquela data, em 1945, o Exército da Alemanha levantou a bandeira branca da rendição aos aliados Estados Unidos, União Soviética, França e Inglaterra. O Brasil lutou ao lado dos vencedores contra os nazistas e fascistas. Na semana em que se celebra 79 anos do fim da II Guerra Mundial, o blog focaliza pracinhas mato-grossenses.

O vento frio, forte e cortante não quebrava o silêncio nos contrafortes do Monte Bastione. Nada se ouvia nem se via no começo da tarde de 16 de setembro de 1944, naquele canto da Itália ocupado pelo poderoso Exército Alemão. A enervante monotonia que antecedia o batismo de fogo da Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi rompida pelo grito seco do oficial comandante do 6º Regimento de Infantaria, ao ver a primeira movimentação da tropa inimiga: Fogo! Naquele momento os Pracinhas mato-grossenses entraram em combate contra o nazismo ajudando a escrever com sangue e amor patriótico uma importante página do heroísmo militar do Brasil. O tempo, senhor da vida, levou quase todos os nossos heróis, mas o que fizemos por eles? Qual o legado que deixaram? E o que pensamos sobre aqueles bravos que lutaram pela liberdade universal

No quantitativo a participação de Mato Grosso no grande conflito mundial foi modesta. O Brasil teve 25.834 homens e mulheres participando diretamente da guerra nas forças aero-terrestre nacionais. Desse contingente, 118 eram mato-grossenses. Qualitativamente os conterrâneos do Marechal Rondon honraram a Bandeira que empunhavam. No regresso, 14 baixas dos heróis que tombaram para sempre no teatro das operações na Itália.

Mesmo ouvindo poucas frases dos nossos heróis, arranquei de alguns suas ancestralidades militares. Entre eles havia netos de combatentes na guerra com o Paraguai. Também ouvi sobre o 3º sargento Luiz Geraldo da Silva, o Geraldão. cacerense, que em 28 de março de 1945 tombou heroicamente à frente de uma patrulha e empresta o nome ao Estádio Municipal Geraldão, na sua Cáceres.Tive a felicidade e a realização profissional de produzir muitas reportagens com os nossos febeanos, que eram liderados pelo Pracinha Feliciano Moreira da Costa, que dirigia a regional mato-grossense da associação que representava os ex-combatentes. Nossa conversa era demorada, porém pouca, resumida. Seo Feliciano quase não falava, mas mesmo assim costumávamos formar rodas para prosear. Delas, participavam os Pracinhas Gabriel de Souza Guimarães, Joaquim Sérgio dos Santos, Gabriel Ferreira de Jesus, Lício Gomes Ferreira Mendes, Samuel Infantino, Davino Leopoldino de França, Armindo Santana Dias, Rafael Fortunato de Campos, Mário Pinho de Arruda (que também dirigiu a instituição), Aleixo Marcelo Campos e tantos outros. Meus questionamentos não os irritava, mas nenhum se preocupava em responder com rapidez e com os detalhes que cobrava. Mesmo reticentes em suas falas, todos, sem exceção, brincavam entre si e quase sempre fazendo troça sobre os tempos da guerra. Pena que o implacável relógio biológico os tenha levado.

Pracinha Feliciano Moreira da Costa

Confesso que sentia prazer em escrever sobre nossos febeanos. Da década de 1990 ao começo dos anos 2000, costumava acompanhá-los nos poucos eventos que participavam. Fui figura constante nas comemorações militares na 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, em Cuiabá, quando nas datas voltadas para os feitos da guerra que ajudaram a vencer.

Mato Grosso lhes rende poucas homenagens e, uma delas, a avenida da FEB, em Várzea Grande, que certa vez esteve a um passo de perder essa denominação, por conta do destempero parlamentar de um vereador. Em Cáceres, o estádio municipal reverencia o herói Geraldão, mas de modo geral a memória institucional é injusta com a FEB e seus integrantes.

1994 na 13ª Brigada em Cuiabá ouvindo o Pracinha Mário Pinho de Arruda

Qual o legado que deixaram? Diria que consciente e inconscientemente muitos assimilavam seus atos como inventário cívico.

O que pensamos sobre aqueles bravos que lutaram pela liberdade universal? Não sei o que pensa Mato Grosso da superficialidade das redes sociais. Particularmente tento mostrar aos meus filhos e netos o grande papel que desempenharam. Em todos os dias de minha vida, sou mais FEB, sou mais Exército, sou mais Brasil nesta terra onde figuras que nunca bateram um prego n’água em defesa da população, que nunca assentaram um tijolo pelo desenvolvimento estadual e, não raramente, vivem agarradas nas tetas generosas do Poder viciado política e sindicalmente, tentam moldar um Estado completamente diferente daquele pelo qual lutaram nossos valentes pracinhas.

E o que pensamos sobre aqueles bravos que lutaram pela liberdade universal? Não sei o que pensa Mato Grosso da superficialidade das redes sociais. Particularmente tento mostrar aos meus filhos e netos o grande papel que desempenharam.

Em todos os dias de minha vida, sou mais FEB, sou mais Exército, sou mais Brasil nesta terra onde figuras que nunca bateram um prego n’água em defesa da população, que nunca assentaram um tijolo pelo desenvolvimento estadual e, não raramente, vivem agarradas nas tetas generosas do Poder viciado política e sindicalmente, tentam moldar um Estado completamente diferente daquele pelo qual lutaram nossos valentes pracinhas.

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