Uma estranha pesquisa ofende a população de Rondonópolis

EDUARDO GOMES

@andradeeduardogomes

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Em algumas cidades mato-grossenses os gravíssimos crimes de fake news e publicação de pesquisas distorcidas são praticados no período eleitoral na tentativa de enganar o eleitor e induzi-lo ao voto em determinado candidato. Felizmente a Justiça Eleitoral age com rapidez e desarticula a recorrência de tais práticas, mas nem assim consegue neutralizar toda sua carga negativa em benefício de um e em prejuízo dos demais. Em Rondonópolis, uma pesquisa distorcida cujos números favorecem o candidato a prefeito Thiago Silva (MDB) é um exemplo clássico da prática criminosa em curso.

A prática de fake News vai além das redes sociais e da Imprensa convencional, pois alguns candidatos a utilizam abertamente no horário da propaganda eleitoral, o que sempre resulta em direito de resposta e suspensão de programas dos que a adotam.

No dia 2 deste mês de setembro o instituto de pesquisas Percent divulgou uma pesquisa encomendada pela Cuiabá TV Aberta de Comunicação apontando vantagem a Thiago Silva, cujos números não devem ser citados por serem falsos, e a repetição pode contribuir para aumentar a confusão que se criou junto a parte do eleitorado.

Felizmente a juíza Aline Luciane Ribeiro Quintão Bissoni determinou a suspensão da divulgação da pesquisa, aplicou multa de 53.205 reais ao instituto Percent e a considerou como não registrada.

A ação profilática da magistrada foi provocada pela coligação Rondonópolis Pronta para o Futuro, encabeçada pelo candidato a prefeito Paulo José (PSB). Para assim decidir, Aline Luciane levou em conta que o relatório citando os bairros onde a consulta foi feita cita que os entrevistados foram ouvidos em 5 de abril deste ano, ao passo que na informação à Justiça Eleitoral Percent citou que as entrevistas ocorreram entre 24 e 28 de agosto.

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Ao pé da letra não se pode afirmar que Thiago Silva tenha participação neste crime, mas é preciso que não se descarte que o mascaramento da pesquisa interessa diretamente a ele. Em outra esfera, também grave, é importante que se tenha em conta a atipicidade da contratação da pesquisa: em Rondonópolis a Cuiabá TV Aberta de Comunicação – emissora sem expressão na Comunicação e nos meios empresariais – é tão estranha quanto o rio Arareau na China e o Padre Lothar no Cazaquistão.

A disputa eleitoral em Rondonópolis tem que sair do picadeiro da tentativa de criar um cenário irreal. O que está em jogo é o destino de uma grande cidade cuja população merece respeito e não pode ser tratada com o desprezo de números falsos que não refletem o posicionamento do eleitorado, pois pesquisa assim não tem margem de erro, pois a mesma é o erro.