Boa Midia

40 Anos – Vicente Cañas, o irmão Kiwxi

Vicente Cañas, o irmão Kiwxi
Vicente Cañas, o irmão Kiwxi

Irmão Kiwxi para os índios Enawenê-Nawê e ícone dos indigenistas para a Funai. Esses dois títulos o missionário jesuíta espanhol nascido em Albacete e naturalizado brasileiro, Vicente Canãs Costa, levou para o túmulo. Virou mártir da Igreja Católica Apostólica Romana.

Vicente Cañas pagou com a vida o preço da defesa das terras dos Enawenê-Nawê, com os quais conviveu e viveu por 13 anos ininterruptos, desde o primeiro contato daquele povo com a sociedade envolvente, em 1974.

Intransigente defensor dos direitos dos índios, Vicente Canãs foi assassinado a facadas e pauladas nas imediações do barraco à margem esquerda do rio Iquê, afluente do Juruena nas terras dos Enawenê-Nawê, município de Juína, onde morava sozinho.

O corpo de Vicente Cañas foi encontrado por missionários jesuítas em 16 de maio de 1987. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que seu assassinato ocorrera 40 dias antes.

A luta de Vicente Cañas resultou na demarcação da reserva de 547.876,03 hectares do Enawenê-Nawê nos municípios Juína, Comodoro e Sapezal. Esta área foi homologada por decreto em 02 de junho de 1996. Atualmente a população estimada (pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE) daquela etnia é de 347 indivíduos.

O posicionamento do missionário em defesa dos Enawenê-Nawê criou clima tenso em Juína e ele denunciou que estaria jurado de morte por fazendeiros. Seu assassinato ganhou repercussão internacional.

Ninguém foi condenado pelo assassinato. Vicente Cañas. O fazendeiro Pedro Chiquetti, acusado de ser o mandante do crime morreu antes de ser julgado. Os outros cinco pronunciados foram absolvidos. O último a ser julgado foi José Vicente da Silva, supostamente pistoleiro com participação direta no homicídio; José Vicente foi absolvido por 5 votos a 2 pelo tribunal do júri da Justiça Federal em Cuiabá, presidido pelo juiz Jefferson Schneider, no dia 29 de outubro de 2006.

A memória de Vicente Cañas é reverenciada pelos Enawenê-Nawê. O missionário que chegou ao Brasil em 1965, escolheu viver entre os índios, dos quais se sentia verdadeiro irmão.

Graças aos ensinamentos de Vicente Cañas, o povo que habita a calha do rio Iquê, na região Noroeste de Mato Grosso, alcançou a cidadania plena com a demarcação de suas terras.

PS – Texto transcrito de parte do capítulo dedicado a Juína no “LIVRO 44” publicado em 2014 pelo jornalista Eduardo Gomes de Andrade sem apoio das leis de incentivos culturais

 

EDUARDO GOMES/blogdoeduardogomes

FOTO: Arquivo

 

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