Boa Midia

VULTOS MATO-GROSSENSES – Blairo Maggi (IV)

Silval recebe a faixa de Blairo
Reeleito ao governo em primeiro turno no ano de 2006, Blairo Maggi trocou o PPS pelo PR e não concluiu o mandato. No final de março de 2010 transmitiu o poder ao vice Silval Barbosa (PMDB) e entrou na disputa ao Senado. Venceu a eleição quebrando o tabu de que governador que disputasse mandato de senador imediatamente após deixar o Paiaguás não se elegia. Foi o mais votado ao cargo, que naquele ano elegeu dois senadores. Recebeu 1.073.039 votos – maior votação recebida por político numa eleição em Mato Grosso. Jair Bolsonaro, no segundo turno da eleição presidencial deste ano cravou 981.119 votos e ocupa o segundo lugar entre os mais votados.

Após entregar o governo e enquanto esperava o começo da campanha o entrevistei. Blairo revelou que nos últimos meses no Paiaguás se sentia desconfortável, porque sequer abria uma porta, não tinha privacidade para assistir filme em cinema ao lado de sua mulher Terezinha, estava afastado do volante e ficava sempre distante de seus tratores. Queria voltar à rotina. Acreditava que no Senado teria mais liberdade.

 
Minc alerta sobre soja nos Andes, mas Blairo o dobra

Seus dois governos foram tranquilos. Tinha aos seus pés a Assembleia Legislativa, o Tribunal de Contas do Estado e praticamente toda a mídia. Mesmo assim, enfrentou contratempos.

No primeiro ano do governo, ao presidir a solenidade de Sete de Setembro, em Cuiabá, Blairo foi agredido no palanque pelo universitário Leonardo Gregianin, com uma torta no rosto. Gregianin militava no anárquico movimento “Confeiteiros Sem Fronteira” e tinha em uma bolsa, a guloseima que acertou a mais alta autoridade de Mato Grosso. O estudante se passou por jornalista, driblou a segurança e atacou o governador, auxiliado pelo colega Julian Figueiras Dorado Rodrigues. No episódio o tenente-coronel da Polícia Militar Eddie Metello foi atingido por um soco ao tentar conter Gregianin. Blairo perdoou e não levou o caso adiante.

Era preciso paparicar Unger

Marina Silva deixou a Ministério do Meio Ambiente e seu sucessor, Carlos Minc, ganhou manchetes nacionais alertando que “Se deixarem Blairo planta soja nos Andes”. O governador não retrucou e acabou botando Minc para jogar em seu time. Articulado, Blairo tratou de se aproximar de Mangabeira Unger, o cérebro do governo petista. Unger virou seu comensal e até visitou uma de suas fazendas em Sapezal, a Tucunaré. Blairo, entendendo o que estava em jogo virava motorista de Unger em suas andanças por Mato Grosso.

Em 31 de março de 2010 Baliro deixou o governo para Silval. Naquela data anunciou que seria candidato ao Senado pelo PR. Até então seu governo era considerado um mar de castidade moral, mas na sombra havia um caso gravíssimo: a suposta compra de uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE), que não era de domínio público, e o caso que ganharia manchetes Brasil afora: o programa MT 100% Equipado. Ambos os casos serão tratados na sequência da série.

SENADO – Senador, não deu muita bola ao cargo. Sempre que possível deixava o Senado ao primeiro suplente Cidinho dos Santos (PR). Dilma sofreu impeachment e o vice Michel Temer o convidou para o Ministério da Agricultura. Blairo pegou o cargo com as duas mãos e o coração.

Para chegar ao Ministério da Agricultura Blairo trocou o PR pelo PP – partido que o avalizou politicamente. Ministro, sente-se em seu habitat, entre empresários e industriais do agronegócio; enquanto isso sua cadeira continua com Cidinho, que por um curto período pediu licença abrindo vaga ao segundo suplente Rodrigues Palma (PR).

Em janeiro Blairo deixa a Agricultura e reassume o Senado, para o último mês do mandato de oito anos. Em fevereiro, cidadão comum, Blairo terá pela frente o cerco montado pelo MP.

Antes do Senado

 

Em 2010 Blairo engoliu Wellington

É preciso destacar que ao assumir a candidatura ao Senado Blairo atropelou o então deputado federal e à época seu correligionário Wellington Fagundes (PR), que há três anos corria atrás de votos ao Senado. Wellington cumpria o quinto mandato à Câmara e tentava consolidar seu nome para senador, porque Blairo insistia que não deixaria o Palácio Paiaguás

De uma hora para outra Blairo gritou que seria candidato ao Senado. Escolado, Weillington saiu de cena com um frase de rendição: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo“.

Naquele pleito, para renovação de duas cadeiras, Blairo (PR) foi eleito ao Senado com 1.073.039 votos (37,06%). O segundo colocado ao cargo foi Pedro Taques (PDT) com 708.440 votos (24,48%).

Silval (PMDB) ganhou em primeiro turno com 759.805 votos (51,21%) e seu vice foi Chico Daltro (PP); com 472.475 votos (31,85%) Mauro Mendes (PSB) encabeçou a segunda chapa mais votada ao governo tendo Otaviano Pivetta (PDT) na composição.

Para a Câmara dos Deputados Wellington recebeu a maior votação entre os oito eleitos: 145.460 votos (10,22%).

Novacki derruba Pagot (esq.) em benefício de Silval

RASTEIRAS – Antes de deixar o governo  e também fora dele Blairo queria Mauro Mendes ao governo, com Silval apenas cumprindo o restante do mandato; Mauro encolheu e começou uma briga de foices na cúpula do Paiaguás. Diante disso, Blairo deu sinais de que apoiaria Luiz Antônio Pagot. O secretário Eumar Novacki fez um levante conspiratório contra Pagot em defesa de Silval. A cúpula palaciana gemia e rangia os dentes. Fedia enxofre.

Torpedeado por Novacki, Pagot ficou no limbo. Matreiro que só ele, Blairo abraçou Silval, que tinha a chave do cofre, o poder e é político matreiro que só ele. Acho que Blairo precisava matar dois coelhos com uma só cajadada: garantir que seu sucessor fosse alguém de sua ligação e arrumar um passaporte para o Ministério da Agricultura, com um empurrão do cargo se senador. Danado, esse Blairo. Pois não é que conseguiu!

PS – Capítulo IV sobre Blairo Maggi na série VULTOS MATO-GROSSENSES.

Leiam o quinto, amanhã, 3 de julho.

Eduardo Gomes – blogdoeduardogomes

1 – Lenine Martins – Site público do Governo de Mato Grosso

2 – Édson Rodrigues – Site público do Governo de Mato Grosso

3 – blogdoeduardogomes

4 e 5 – Site público do Governo de Mato Grosso

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